quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

De uns tempos pra cá, tudo o que venho conquistando é uma caixa de entrada recheada de caras embriagados se declarando de um jeito meio torto. Eu sempre os achei fodidamente infelizes de fazer algo tão bonito de um jeito tão torto. Eu sempre achei quem manda flor fodidamente infeliz. Mas eu vou vivendo, vou mandando as flores de volta pro remetente, anexando Fulano à pasta que vai direto pra lixeira. Meio de coração apertado porque sei que o filho da puta deve ter analisado a quantidade de autores, escritores, movimentos, poesias ("a petition is a poem") por quem eu sou apaixonada, sem medir esforços. Queria escrever pra Deus mas, aos dezoito anos, a gente não sabe se acredita em Deus. Então sei lá, Vinicius, sei lá, Jobim, se a vida tem sempre razão mesmo. Mas Bortolotto tem razão, Henry Miller tem razão, Kerouac tem razão. Todos eles gritando na minha cabeceira, implorando pra que eu não os tire nunca dali porque a solidão também os enchia de inquietudes e eu gosto de dizer, à noite, baixinho, que eles não estão sozinhos.